sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Fernando Pessoa

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabeloE em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa, 2-8-1933

Quando li O Anticristo

Logo no prólogo Nietzche nos diz "Este livro é para os espíritos livres, pois só estes o compreenderão" Numa das criticas mais acidas sobre o cristianismo, Nietzsche fala sobre os valores do cristianismo com o ousado diagnóstico de que estes são responsáveis pelo adoecimento do homem. No Livro o cristianismo não é avaliado na verdade de seus dogmas, mas sim como fenômeno moral que norteia todo o processo civilizatório ocidental.Nietzche se posiciona de fora destes valores buscando identificar o jogo de forças que estão presentes na sua origem e que permanecem ainda hoje. O que quer saber é: o que valem esses valores e para onde eles nos levam?Verifica no cristianismo uma interpretação do mundo puramente ficcional, sem nenhum contato com a realidade, pelo contrario, movida pelo ódio e pelo ressentimento desta mesma realidade.Nietzche fala diretamente o que pensa. E infelizmente muitas pessoas cometem a exegese equivoca sobre esta obra.O livro O Anticristo é lido com interpretações que se afastam do objetivo maior do filósofo, que era o de abrir caminho para uma crítica dos valores estabelecidos em dois mil anos de cristianismo e propor a inversão e a criação de novos valores.Ele não se baseou na figura bíblica do Anticristo!Nem critica a figura simbólica do Cristo,sua reflexão é maior que qualquer religião ou crença.

Por Letícia Bathomarco

virginia woolf

Virgina Woolf(Nicole Kidman)e seu inseparável baseadinho


"A vida é um sonho. É o acordar que nos mata. Aquele que nos rouba os sonhos nos rouba a vida"
"Agora vou embrulhar minha angústia dentro do meu lenço. Vou amassá-la numa bola apertada. Vou levar minha angústia e depositá-la nas raízes soba as faias. Vou examiná-la, pegá-la entmeus dedos. Não me encontrarão. Morrerei lá."

"Para que se vive? Por que se faz tantos sacrifícios para que a espécie humana prossiga? Isso é tão desejável assim? Somos uma espécie assim tão atraente? Nem tanto... Perguntas tolas e vãs, perguntas que a pessoa só formulava quando não tinha nada para fazer. A vida humana é isto? A vida humana é aquilo? Nunca se tinha tempo para pensar nisso."

"E a vida sempre arrumando maneiras de unir um dia a outro dia."

''Quando o ritmo da vida diminuia por um instante,parecia que a amplitude das experiencias se tornava infinita"

"Estou enamorada dos meus silêncios..."

"De todas as coisas nada é mais estranho do que o relacionamento humano, ela pensou, por causa de suas mudanças, sua extraórdinária irracionalidade, sua aversão não estando mais distante agora do mais intenso e arrebatado amor; aliás, a palavra 'amor' ocorreu-lhe imediatamente, ela rejeitou-a pensando outra vez o quanto a mente era obscura, com suas couas palavras para todas essas percepções atordoantes, essas alternâncias de dor e prazer. Pois que outro nome dar-lhes?"


"Nâo se pode encontrar a paz evitando a vida".

"Vivemos nossas vidas, fazemos nossas coisas, depois dormimos - é simples assim, comum assim. Alguns se atiram da janela, outros se afogam, tomam pílulas; muitos mais morrem em algum acidente; e a maioria de nós, a grande maioria, é devorada por alguma doença ou, quando temos muita sorte, pelo próprio tempo. Existe apenas isto como consolo: uma hora, em um momento ou outro, quando, apesar dos pesares de todos, a vida parece explodir e nos dar tudo o que havíamos imaginado, ainda que qualquer um, exceto as crianças (e talvez até elas), saiba que a essa seguir-se-ão inevitavelmente muitas outras horas, bem mais penosas e difíceis. Mesmo assim gostamos da cidade, da manhã, e torcemos, como não fazemos por nenhuma outra coisa, para que haja mais."

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

rita lee sobre as mulheres

Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinha da vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que usava tranças. Levei apenas uma hora para saber o motivo. Bete fora acusada de não ser mais virgem e os irmãos a subjugavam em cima de sua estreita cama de solteira, para que o médico da família lhe enfiasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra. Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem. Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lúcia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguiu passar no exame ginecológico. O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo. Realmente esqueceu, morrendo tuberculosa. Estes episódios marcaram para sempre e a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres? Ontem, para mutilar, amordaçar, silenciar. Hoje, para manipular, moldar, escravizar aos estereótipos. Todos vimos, na televisão, modelos torturados por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias para entrar na moda da peitaria robusta das norte americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba. Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E, com isso, Barbies de facaria, provocaram em muitas outras mulheres; as baixinhas, as gordas, as de óculos; um sentimento de perda de auto-estima. Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é composta de moças. Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo. E, no momento em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo. Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representadopor pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais. Ninguém diz, de uma mulher, que ela é de espadas. Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência. As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto. Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência. É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz. E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d'água e trouxas de roupa. Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos. Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer à ternura de suas mentes e a doçura de seus corações.

"Somos iguais em diferença"
Rita Lee Jones

de olhos bem fechados


Bill Harford (Tom Cruise) é casado com a curadora de arte Alice (Nicole Kidman). Ambos vivem o casamento perfeito até que, logo após uma festa, Alice confessa que sentiu atração por outro homem no passado e que seria capaz de largar Bill e sua filha por ele. A confissão desnorteia Bill, que sai pelas ruas de Nova York assombrado com a imagem da mulher nos braços de outro.
Título Original: Eyes Wide Shut
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 159 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1999
Site Oficial: www.eyeswideshut.com
Estúdio: Warner Bros. / Hobby FilmsDistribuição: Warner Bros.
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick e Frederic Raphael, baseado em livro de Arthur Schnitzler

prima del revolucione

cinema italiano:bela cena!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

o cinema que enche meus olhos

Amo o cinema. Amo a forma como o cinema enxerga o mundo.
Vejo o mundo pela lenta da câmera.Vejo a realidade, o cotidiano sendo pincelado pela câmera.
Ela mostra as imagens. Transmite ao mundo o que esta sendo visto.
Através dela se vê as mais belas imagens.
A violência no cinema transgride.
Na realidade não posso ver sangue, mas nada como o liquido vermelho derramado sobre a tela grande.Nada como a violência mórbida e aguçante.
Como pretensão à realidade, propriamente violenta que nos vivemos fora da tela.
Não se faz um filme de violência se ela não parecer intencional. Intencional aos olhos do roteirista que escreve, e o diretor que conduz a narrativa aatrvés de sua câmera!
Tem seu porque de ser. Tem sua historia.
Amo o cinema. Por ele pode ser assim tão incrivelmente ambíguo e às vezes esquizofrênico.Por ele ser a loucura inconsciente dos meus dias.
É minha paixão(quase que obsessão boa) pela sétima e mais bela das artes.
Desse cinema que me enche os olhos.
Que alimenta a minha alma inquieta.
Meus pensamentos acelerados, meu estilo de vida confuso e minha visão de ensaísta e aspirante à cineasta.
Por Letícia Bathomarco

minha vida sem mim


Uma das cenais mais tocantes do cinema moderno
Por que comemos?O que comemos.O que respiramos.O que consumimos.
Tudo é parte de um ciclo.De uma sincronicidade absurda!
Você já imaginou sua vida sem você?Como seria seu amor,seus amigos,filhos e seu cachorro na rotina sem você?
Quem já pensou nisso e viu o filme Minha vida sem mim sabe do que eu estou falando.
O filme é a narrativa de alguém que descobre que está prestes a morrer sem ter realizado nenhum de seus sonhos.É alguém que planeja a vida pós-morte.É alguém que pensa nas pessoas que ama.Que vai deixar.Uma vida,a sua,mas sem ela!
Um filme tocante.Emocinante sem ter clichês,sem ser piêgas.Sarah Polley está linda e
sua interpretação é bem realista.O filme comove sem apelar.
Por Letícia Bathomarco

stanley kubrick



Filmografia
De olhos bem fechados (Eyes wide shut)1998
Nascido para matar (Full metal jacket)1980 -
O iluminado (The shining)1975 -
Barry Lyndon (Barry Lyndon)1971 -
Laranja mecânica (A clockwork orange)1968 -
2001 - Uma odisséia no espaço (2001: A Space Odyssey)1964 -
Doutor Fantástico (Dr. Strangelove)1962 -
Lolita (Lolita)1960 -
Spartacus (Spartacus)1957 -
Glória feita de sangue (Paths of glory)1956 -
O grande golpe (The killing)1955 -
A morte passou por perto (Killer`s Kiss)1953 -

Clockwork orange

Um tratamento de choque condiciona os impulsos de um homem agressivo, fazendo-o mudar de comportamento. Esse é o ponto que mais nos interessa em A Clockwork Orange (Laranja Mecânica, Stanley Kubrick, 1971), um filme que retrata o comportamento “hipotético” de uma sociedade do século XXI. Nessa sociedade, as leis parecem não mais funcionar e o governo busca novas formas de reintegrar o homem mau à sociedade, tornando-o bom. Para tanto, utiliza-se de mecanismos técnicos e psicológicos na indução do comportamento de Alex (Malcolm McDowell), preso por estupro e assassinato. O “novo” indivíduo resultante desse condicionamento é como uma laranja mecânica: Alex é um exemplo claro de um cyborg interpretativo. Não há necessariamente uma fusão entre máquina e carne, mas uma absorção da mídia pelo corpo e sua alienação, que no caso é superficial, já que o inconsciente de Alex permanece o mesmo de outrora, quando saía às ruas mascarado, acompanhado de seus “drugues” (bando de vândalos), assaltando, espancando, Malcolm McDowell interpreta Alex, o protagonista.estuprando e matando pessoas. Essa subjetividade controlada é fruto da sociedade do espetáculo. Ao se dispor a servir como cobaia de um projeto que pretendia “curar” os fora-da-lei, devolvendo-os saudáveis à sociedade e esvaziando os presídios superlotados, Alex foi obrigado a assistir a diversas cenas de violência. Essas cenas retratavam todos os seus atos de crueldade. Preso por uma camisa de forças, fios foram ligados a seu corpo. Duas pinças mantinham seus olhos sempre abertos. Sob o efeito de substâncias químicas, Alex também assistiu a cenas do nazismo ao som da Nona Sinfonia de Beethoven. Alex começa a sentir náuseas. Como ouvir a música que tanto gostava acompanhada de imagens tão cruéis? É o paradoxo: o yin e o yang do personagem vêm à tona. Um religioso que acompanha Alex na prisão polemiza: “A questão é se essa técnica (o tratamento) realmente torna bom um homem. A bondade vem do íntimo. A bondade é uma escolha. Se o homem não pode escolher deixa de ser um homem


A Clockwork Orange ( Laranja Mecânica)-1971-dirigido por Stanley Kubrick.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

edgar allan poe

>Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho.
>Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite.
>A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de sê-lo muito em breve.
O corvo
Em certo dia, à hora, à horaDa meia-noite que apavora,Eu caindo de sono e exausto de fadiga,Ao pé de muita lauda antiga,De uma velha doutrina, agora morta,Ia pensando, quando ouvi à portaDo meu quarto um soar devagarinhoE disse estas palavras tais:"É alguém que me bate à porta de mansinho;Há de ser isso e nada mais."
Ah! bem me lembro! bem me lembro!Era no glacial dezembro;Cada brasa do lar sobre o chão refletiaA sua última agonia.Eu, ansioso pelo sol, buscavaSacar daqueles livros que estudavaRepouso (em vão!) à dor esmagadoraDestas saudades imortaisPela que ora nos céus anjos chamam Lenora,E que ninguém chamará jamais.
E o rumor triste, vago, brando,Das cortinas ia acordandoDentro em meu coração um rumor não sabidoNunca por ele padecido.Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,Levantei-me de pronto e: "Com efeito(Disse) é visita amiga e retardadaQue bate a estas horas tais.É visita que pede à minha porta entrada:Há de ser isso e nada mais."
Minha alma então sentiu-se forte;Não mais vacilo e desta sorteFalo: "Imploro de vós - ou senhor ou senhora -Me desculpeis tanta demora.Mas como eu, precisando de descanso,Já cochilava, e tão de manso e mansoBatestes, não fui logo prestemente,Certificar-me que aí estais."Disse: a porta escancaro, acho a noite somente,Somente a noite, e nada mais.
*Trecho desse poema foi usado no roteiro do filme O corvo.
O roteirista disse que o poema o inspirou a escrever sobre a solidão e loucura humana no filme.

o psiquiatra vai ao cinema

"Se a psiquiatria não existisse, o cinema teria inventado..
E de uma certaforma, o fez. Criou, em seus filmes, uma imagem da psiquiatria com métodos de
tratamento, nosologia, teorias e profissionais,longe daquilo que os psiquiatras realmente são. (Schneider, 1987)
Alguns filmes com psiquiatras:
O silêncio dos Inocentes
Mentes perigosas
O amigo oculto
Tratamento de choque
Máfia no divã
Hannibal
Desejos
O sexto sentido
Os infiltrados
Os simpsons
Perdidos no espaço
Refém do silêncio
Garota interrompida
Bicho de sete cabeças
Uma mente brilhante
Gênio indomavel
As horas
Beleza roubada
Na companhia do medo
Batman begins

O gabinete do Dr.Caligari

O primeiro filme a fazer uso da figura de um psiquiatra foi Gabinete do Dr Caligari, filme de 1920, do diretor Robert Wiene, na Alemanha.
Este é considerado o filme manifesto do expressionismo e por isso, por muito tempo a estética expressionista foi chamado caligarismo.
O roteiro foi escrito com a intenção de denunciar o poder das instituições, no filme representadas pelo psiquiatra Caligari, mas foi feita uma alteração e o resultado é diferente daquele do roteiro.
A hipnose e sonambulismo são bastante utilizados no filme e isto já era o reflexo da obra de Freud no cinema.
O Gabinete de Dr. Caligari e outros filmes expressionistas como Nosferatu são os precursores dos filmes de terror, principalmente os filmes B americanos.
Na época em que o filme foi filmado, a Alemanha vivia num estado de espírito negativo e com uma série de inquietações, resultados da destruição da Primeira Grande Guerra Mundial.
O estilo do filme reflete esses sentimentos e frustrações na sua própria estética. O cenário é opressor, com linhas distorcidas e não harmoniosas. Luzes e sombras também são muito usadas para transmitir os sentimentos dos personagens.

cinema e psicanalise

Quando psicanalistas e especialistas de outras áreas olham para o cinema, o resultado nem sempre é relevante (para os filmes). O que acontece com certa freqüência é os filmes virarem exemplos de caso ou, pior, personagens e situações serem tomados como pessoas.A abordagem que o filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Zizek propõe de filmes em seus estudos balança entre as duas perspectivas, com alcance que pode interessar muito ou pouco àqueles que procuram meios de ampliar as significações de imagens e relatos.
Essa duplicidade persegue o documentário “The Pervert’s Guide to Cinema”, dirigido pela britânica Sophie Fiennes, feito em 2006, que dá a Zizek espaço para abordar, emular, desmontar e remontar cenas, personagens e situações do cinema clássico e contemporâneo ao longo de duas horas e meia.
Para a maioria dos espectadores, o efeito escapista oferecido pelo cinema funciona como outro modo de ver, sentir, desejar e viver situações. Não é à toa que muita gente compara filmes e sonhos ou descreve seus próprios sonhos como se fosse um filme com exibição única e exclusiva. Ou que Hollywood tenha recebido o apelido “indústria dos sonhos”.
Mas a associação do cinema com o inconsciente é de outra ordem, aponta Zizek em um dos tantos paradoxos que ele tece no documentário. “O cinema é a arte pervertida por excelência. Não te dá aquilo que deseja. Te diz como desejar.” Desse modo, Zizek adota o cinema como pedra de toque de sua tese, que se inspira nas teorias de Jacques Lacan, que enxerga na ficção a base de nossa realidade. Aqui ele usa as pílulas azul e vermelha de “Matrix” para avançar no campo teórico argumentando que, “se tirarmos da nossa realidade as ficções simbólicas que a regulam, perdemos a realidade em si mesma”.
Se tudo pode parecer obscuro demais para um simples amador de cinema, vale dizer que ao longo do documentário Zizek se dedica também a tecer saborosíssimas análises de cenas, misturando o arsenal psicanalítico ao mais explícito prazer de cinéfilo.
Diante de “Veludo Azul”, “Vertigo” e “Psicose”, as intuições propostas por Zizek escapam dos nossos lugares-comuns de críticos e espectadores, oferecendo significados insuspeitos sobre a voz, o ponto de vista, o corte e a estrutura narrativa do cinema. Em certos momentos, pode parecer uma aula séria, mas, como o professor tem aura de cientista maluco, a gente fica à vontade e dá boas risadas.

Por Letícia Bathomarco

Crítica Capitu

Inspirada na obra-prima do nosso gênio da literatura ,o amargurado e pessimista Machado de Assis.
O humor irônico e a narrativa densa sempre foram as suas características mais marcantes.
A mini-serie Capitu me emocionou,mesmo sendo "Rede Globo".
Seguindo o formato televiso com viéis teatral a la dogville!
A trilha sonora de Tim Rescala e Chico Neves é belíssima.Impecável a produção de arte de Isabela Sá,figurinos,maquiagem. Sem contar que a música tema era da banda Beirut!...
O texto do também diretor Luiz Fernando Carvalho é ótimo.Via o terceiro capitulo,e no intervalo fechei os olhos e imaginava o livro..as palavras tal qual Machado escreveu.
O clima das cenas envolveu o telespectador.Me sinto dentro da historia,participante de alguma forma de todas aquelas emoções.A paixão de Dom Casmurro,seu olhar lívido sobre a tela.
O ator que narra a historia é Miguel Melamed,excelente!Sua voz rouca,arrastada,lenta,conturbada mostra o drama e a carga narrativa densa,complicada.
É raro ver algo assim hoje em dia na tv aberta!Cada vez mais enojados por programas sensacionalistas à lá Sofia Abrão, assistir Capitu é a melhor coisa a se fazer.
A mini-serie é poética,lúdica e profunda como a tão boa mini-serie,também com vieís teatral,A Pedra do Reino.
Fantástico!Espero ansiosa os próximos capítulos da narrativa da paixão, do ciúme da vida de Dom Casmurro e Capitu pela imagem poética e brilhante da mini-serie que contemplada Machado e sua mais instigante obra.Afinal paira no ar a maior duvida da literatura brasileira: Teria Capitu traído Bentinho?

Por Letícia Bathomarco

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

plaisir

video francês campanha contra a aids.muito criativo!sensacional!!!

frança(2008)

Bazar da Fotografia


Foto de Miguel Aun


Foto de Marcelo Rosa

O Blog No Loop da Montanha-russa entra no universo mágico da fotografia.
Recebi um e-mail da minha amiga jornalista,Thais Bossi,a pimenta e ela falou sobre o bazar da fotografia!Muito legal!
Tá aí o convite e uma pequena mostra das fotografias que serão apresentadas.
Mais detalhes:

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

François Truffaut


François Truffaut nasceu em Paris,no dia 6 de fevereiro de 1932.Foi um dos fundadores da Nouvelle Vague e é um dos maiores ícones da história do cinema no século XX. Começou como ensaísta e dirigiu ao longo de sua carreira 26 filmes.Os temas principais de suas obras foram as mulheres,a paixão e a infância.Além de diretor Truffaut era também ator e roteirista.

Filmografia:

Uma Visita (1955) Les Mistons (1957)
Histoire D´Eau, Une, co-dirigido com Jean-Luc Godard (1958)
Os Incompreendidos (Brasil) ou Os Quatrocentos Golpes (Portugal)
(1959) Atirem no Pianista (Brasil) ou Disparem sobre o Pianista (Portugal)
(1960) Jules e Jim (1962) Amor aos 20 anos (1962) Um só pecado (Brasil) ou Angústia (Portugal) (1964) Fahrenheit 451
(1966) A Noiva Estava de Preto
(1968) Beijos Proibidos (Brasil) ou Beijos Roubados (Portugal)
(1968) A Sereia do Mississippi
(1969) O Garoto Selvagem
(1970) Domicílio Conjugal (1970) Duas Inglesas e o Amor (Brasil) ou Duas Inglesas e o continente (Portigal) (1971) Uma jovem tão bela como eu,
(1972) A Noite Americana (1973) A História de Adèle H.
(1975) Na idade da inocência(1976) O Homem que Amava as Mulheres
(1977) O Quarto Verde (1978) Amor em Fuga (1979) O Último Metrô
(1980) A Mulher do Lado (1981) De repente num domingo (Brasil) ou Finalmente, Domingo! (Portugal) (1983)

abril despedaçado

uma das cenas mais brilhantes cenas do cinema nacional nos últimos tempos

domingo, 7 de dezembro de 2008

Baudelaire

EMBRIAGUEM-SE
É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
É necessário estar sempre bêbado.Tudo se reduz a isso; eis o único problema.Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.Contanto que vos embriagueis.E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder: É hora de se embriagar!Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas!De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.

Nicolau Sevcenko


O historiador Nicolau Sevcenko diz que nos encontramos nos últimos anos no "loop da montanha russa", que seria a terceira fase da montanha russa, e pode ser considerado "a síncope final e definitiva, o climax da aceleração precipitada, sob cuja intensidade extrema relaxamos nosso impulso de reagir, entregando os pontos entorpecidos, aceitando resignadamente ser conduzidos até o fim pelo maquinismo titânico. Essa etapa representaria o atual período, assinalado por um novo surto dramático de tansformações, a Revolução da Microeletrônica". Sevcenko ainda acrescenta que o mundo vai se tornado cada vez mais imprevisível, irresistível e incompreensível. Não há, na sociedade uma esperança para o futuro, nada podemos prever.


*Inspiração para o título de nosso blog,o livro de Nicolau,No Loop da Montanha-russa é a síntese dos nossos dias em tempos modernos de caos.Graças à arte ainda nós mantemos vivos.
* Nicolau Sevcenko é historiador e pesquisador da USP.
É professor de história da cultura da Universidade de São Paulo e autor de "Orfeu Extático na Metrópole" e "A Corrida para o Século 2.

A estética da fome

“Um comportamento de um faminto é
tão absurdo que seu registro do real
cria o neo-surrealismo,
sua moral como sub-proletariado é mais
metafísica do que política.

Pergunte a Karl Marx sobre o destino do homem
força maior de ódio e guerra que consome,
no meio deste século em progresso
tristes desavisos sobre mares cinzentos.

As raízes índias e negras do
povo latino-americano
devem ser compreendidas como
única força desenvolvida deste continente.
Esta raça pobre e aparentemente sem destino
elabora na mística seu momento de liberdade”

Glauber Rocha-Bahia, Brasil, 1961.

A estética da fome foi escrita em consonância com um amplo debate acerca da libertação nacional dos povos colonizados na África.
O manifesto faz referência explícita à obra Os condenados da terra, de Franz Fanon,para quem a violência é o elo fundador do colonialismo.A violência sendo substrato da interação entre colonizador-colonizado seria também a expressão dialética da revolta do oprimido.
O confronto colonizado-colonizador se expressa pela força, dado que não há um solo cultural comum que intermédie o conflito.
Glauber e o Cinema Novo transpõem essa argumentação para o contexto brasileiro histórico, atribuindo-lhe um valor estético.
A violência enquanto estética valoriza uma linguagem que nega a cultura dominante.
Aí reside a trágica originalidade do Cinema Novo diante do cinema mundial: nossa originalidade é a nossa fome, nossa realidade social e política,e nossa maior miséria é que essa fome,sendo sentida não é compreendida.
A fome é sintoma da incivilidade instituída no campo oficial da política do subdesenvolvimento. Enquanto lamento bárbaro do oprimido,a fome é redenção,natureza bruta que explode em violência.
Lamento trágico que convertido em arte, potencializa a vocação libertaria de um povo.
A fome denuncia a miséria moral da burguesia, o personalismo populista dos políticos, exalta e atinge a piedade colonialista.
A fome é espelho do Terceiro Mundo, na contramão da história.
Potencialidade e primitivismo, estética da fome, natureza e cultura, transgressão e passividade-fome “embrião ético e estético da revolução”.

Clarice Lispcetor


Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo. Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.Já tive crises de riso quando não podia.Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:

- E daí? EU ADORO VOAR!

sábado, 6 de dezembro de 2008

O cinema pensa


O caráter tem caráter modificador e político, quando ele é plenamente entendido.
Quando se percebe o que esta por trás do roteiro, do filme em si.
O que esta por trás do roteiro. A fotografia fala. A câmera diz.
O que a cena passa... O simbolismo por trás da intenção.
A carga simbólica diz a sobre a intenção do autor.
Percebe-se então os detalhes da historia. E de como ela está sendo contada.
A riqueza dos detalhes ali mostrados. Que sentimentos se exprimiu no processo de criação?
No cinema constroi-se a ficção a partir da realidade, a partir de uma perspectiva e uma expectativa pessoal.
A câmera é o indicador da subjetividade.
Um filme depende dos olhos e da intenção de quem os assiste. Podendo ser ora político, ora apolítico.
Pode ser entretenimento, mas se levado em conta a questão subjetiva, pode-se ter uma revolução de sentidos.
O cinema vê o mundo a partir das pessoas, de seus pensamentos.
O cinema pensa. Reflete e expõe suas mazelas. O lado negro da natureza humana.
O lado cru da vivencia. Do cotidiano. Em distorções estéticas, em ângulos de luz, no posicionamento da câmera, na intenção de mostrar ou não, sentido.
No cinema a câmera captura a alma do ator. Sua mais intima relação de interpretação, sua capacidade de fé cênica. Sua oratória plena, sua dramatização.
O cinema reflete os pensamentos vigentes na sociedade.
Ele subverte a ordem. Expõe a ficção e a retrata como belo.
Como algo que vem da realidade e se reproduz para que seja passada adiante.

Por Letícia Bathomarco

genética


Cromossomos!
Como somos?
Dna e RNA!
Não vão me explicar
O porquê de te amar!
Levo essa bagagem genética de sonhadora.
Sou possuidora
De uma alma
Infinitamente.
Amadora.

Por Letícia Bathomarco

Persona de Ingmar Bergman

O poema visual de Bergman

O cineasta em ação

O filme é um poema visual marcado pela psicanálise e mostra os limites da personalidade.
O cineasta colocou muito de sua vida em seus filmes, e não é diferente nesse filme.
Num jogo de mascaras e personalidade, uma atriz interpretada pela bela atriz Liv Ullmann sofre um colapso mental e é internada sobre os cuidados da enfermeira Alma (Bibi Andersson) contratada para cuidar dela. A dupla se isola numa ilha.
Aos poucos a convivência traz a tona suas personalidade e o conflito entre elas.Ao ponto de não identificar quem é a enfermeira e quem é a paciência.Suas personalidades se mesclam,suas almas se mistura.
A visão psicanalista de Bergman é perturbador.
Ele mostra profundamente os mistérios da personalidade e suas mil facetas.
Ele vai fundo no subconsciente do espectador que vê um filme e tanto em cena.
É um filme forte, assim como o cinema de Ingman Berman; sempre é uma experiência angustiante e profunda.
A forma do filme sempre acompanha seu conteúdo.
O cineasta sueco fez de Persona um jogo de imagens, seu réquiem filosófico com fundo extremamente psicológico, metafísico e poético.
Por Letícia Bathomarco

Os clichês de Tropa de Elite


Vi Tropa de Elite na casa de uma amiga. Graça a Deus!
Se tivesse ido ao cinema me arrependeria amargamente de pagar o ingresso para ver tal filme.
Horrível. Fascista. Preconceituoso e cheio de rótulos.
Wagner Moura está canastrão como uma copia tupiniquim daqueles heróis de filmes de ação trash dos anos 90.
O filme é uma copia do modelo de hollywoodiano dos filmes de ação, cheio de clichês com o velho maquieismo dos filmes de ação.
E o pior o bem no filme é representando pela policia.
O que não mostra a realidade da incompetente policia do Rio de Janeiro
O filme mostra uma cidade submersa e refém da violência.
A discussão sofre a violência que se faz é superficial e incrédula.
Os atores são péssimos. Fernanda Machado está terrível, nem sua beleza engrandece as suas cenas.
O traficante é uma versão mal acabada do personagem Zé Pequeno do cultuado Cidade de Deus.
Tropa de Elite segue uma linha de filmes sobre a favela. Cultuar favela esta na moda.
É a favela indie abordada por cineastas, contemplada das telas de cinema e estudada por sociólogos.
No filme, há uma menção clara de que a culpada pela violência é a classe media que estaria financiando o tráfico de drogas.
Será?As justificativas do filme não convencem. Se que são claras. Além de enganosas, são fantasia de parte de uma intelectualidade brasileira que acredita que existem vilões e mocinhos.
Talvez na classe media não seja vilã,nem a policia a mocinha.Talvez ainda tenhamos que aturar mais desses filmes.
Pois banalizar a violência e torna-la um espetáculo faz parte do cinema nacional atual.
Talvez ainda venham mais filmes eventos, que são fenômenos de bilheteria, cheios de clichês. São produto da indústria cultural que esta longe de ser arte.


Letícia Bathomarco

Cinema Nacional



Uma grata surpresa para o cinema nacional.
O filme que contempla a atuação impecável do ator Selton Mello, ótimo atuando como o ex-traficante de drogas da classe media do Rio de Janeiro que fez fama e dinheiro nos anos 80, o João Estrela.
O filme mostra de perto a vida e a trajetória de João Estrela, jovem da classe media, do inicio quando começou a traficar ate sua morte e redenção ao submundo do crime.
Simpático o personagem vivia uma vida sem limites. Sempre com muitas drogas e festa, cercado de gente.
O filme mostra o outro lado do trafico de drogas, a classe media. Contraria a temática dos outros filmes sobre o assunto como Cidade de Deus e Tropa de Elite.
Cleo Pires não atua tão bem, mas esta linda e enche os olhos do publico.
Cássia Kiss faz uma participação importante e magnífica como a juíza do caso.
Ela nesse filme dá uma aula de interpretação.
João Estrela é corajoso, inconseqüente e lembra um pouco de nos.
Cada um de nos tem um pouco de João dentro de si. Mas só alguns se arriscam.
E João foi um deles. Viveu intensamente. É isso que o filme nos mostra.
E é um ótimo filme!Como poucos no cinema atual, que se rendeu aos produtos comerciais da Globo filmes.
É um filme histórico e emocionante. Uma lição de vida?Mais que isso. Um ótimo filme!


O cinema de Vinicius de Moraes

“Existem duas teorias de roteiro: a do ritmo e a da continuidade. A primeira se aproxima da poesia, do valor lírico da imagem. A segunda tem no romance, na duração literária do romance, um melhor ponto de comparação (...).
A teoria do ritmo busca o valor lírico da imagem. A imagem no Cinema é como a palavra em poesia”
Vinicius de Moraes não era só um cronista que escrevia sobre cinema. Ele era um apaixonado pela sétima arte. Era um daqueles amantes antigos da época de ouro do cinema. Época em que o cinema tinha alma. A arte ainda era uma força revolucionaria.
Vinicius era defensor do cinema mudo. Da construção de imagens e de clássicos do cinema mudo como Luzes da Cidade e o Encouraçado Potemkin.
Vinicius foi além, se correspondeu,mandando cartas ao físico Occhialini, professor de física e filosofia da USP. Nessas cartas Vinicius defendia seu ponto de vista sobre o cinema mudo. Era uma espécie de manifesto contra o cinema falado.
Nelas, Vinicius discutia sobre o som no cinema e tentava convencer o físico que suas opiniões favoráveis ao cinema falado estavam equivocadas.
Foi uma disputa quente, mas não houve ganhadores.
O cinema falado tornou-se pop. E o mudo cult.
Para os amantes de cinema, os dois têm suas vantagens. É belo tanto a construção poética das imagens como também é belo o som intensificando a ação.

“Sou um apaixonado do cinema. Só Deus sabe como gosto de um bom filme, o prazer que traz ver cinema, discutir, ponderar, escrever e até fazer cinema na imaginação.”
Vinicius de Moraes, 1941.

O cinema europeu


Comecei a fumar na adolescência. Achava rebelde. Adorava aqueles filmes noier franceses com suas divãs maravilhosas estampando belos vestidos e fumando cigarros.
Adorava os filmes italianos e o clima mafioso. Cigarros mais uma vez.
Homens de terno com caráter bem duvidoso, exibindo suas caras fechadas e simpáticas, seu gestos frenéticos, gesticulando e falando como legítimos italianos.
As mulheres italianas sempre belas, iluminando a tela fria com sua beleza. A alegria e leveza das italianas.
Filmes políticos do período do neo-realismo italiano me impressionam. São totalmente alheios aos recursos e técnicas. São belos e fantásticos. Mostram o talento sem precisar de muitos efeitos, o que em minha opinião serve para ajudar a contar uma historia e não tornar essencial que esses efeitos sejam o melhor do filme.
Os filmes alemães são geniais. São incrivelmente loucos e perturbadores.
É uma subversão de sentidos. São totalmente lúdicos. Gosto do clima que eles têm, frio e obscuro assim como a historia de seu país.
O cinema europeu tem vida própria. É um dos melhores do mundo e não é atoa.
Eles sabem fazer cinema, porque pensam e refletem sobre ele o tempo todo.
Fazer cinema para eles é mais do que um ganho comercial, é a fonte de conhecimento, um recurso de discussão, de critica a sociedade, de reflexão e pensamento.
É um ato que leva a algo maior. Não é só entretenimento, mas é uma forma de expor idéias e ideais.