segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Clockwork orange

Um tratamento de choque condiciona os impulsos de um homem agressivo, fazendo-o mudar de comportamento. Esse é o ponto que mais nos interessa em A Clockwork Orange (Laranja Mecânica, Stanley Kubrick, 1971), um filme que retrata o comportamento “hipotético” de uma sociedade do século XXI. Nessa sociedade, as leis parecem não mais funcionar e o governo busca novas formas de reintegrar o homem mau à sociedade, tornando-o bom. Para tanto, utiliza-se de mecanismos técnicos e psicológicos na indução do comportamento de Alex (Malcolm McDowell), preso por estupro e assassinato. O “novo” indivíduo resultante desse condicionamento é como uma laranja mecânica: Alex é um exemplo claro de um cyborg interpretativo. Não há necessariamente uma fusão entre máquina e carne, mas uma absorção da mídia pelo corpo e sua alienação, que no caso é superficial, já que o inconsciente de Alex permanece o mesmo de outrora, quando saía às ruas mascarado, acompanhado de seus “drugues” (bando de vândalos), assaltando, espancando, Malcolm McDowell interpreta Alex, o protagonista.estuprando e matando pessoas. Essa subjetividade controlada é fruto da sociedade do espetáculo. Ao se dispor a servir como cobaia de um projeto que pretendia “curar” os fora-da-lei, devolvendo-os saudáveis à sociedade e esvaziando os presídios superlotados, Alex foi obrigado a assistir a diversas cenas de violência. Essas cenas retratavam todos os seus atos de crueldade. Preso por uma camisa de forças, fios foram ligados a seu corpo. Duas pinças mantinham seus olhos sempre abertos. Sob o efeito de substâncias químicas, Alex também assistiu a cenas do nazismo ao som da Nona Sinfonia de Beethoven. Alex começa a sentir náuseas. Como ouvir a música que tanto gostava acompanhada de imagens tão cruéis? É o paradoxo: o yin e o yang do personagem vêm à tona. Um religioso que acompanha Alex na prisão polemiza: “A questão é se essa técnica (o tratamento) realmente torna bom um homem. A bondade vem do íntimo. A bondade é uma escolha. Se o homem não pode escolher deixa de ser um homem


A Clockwork Orange ( Laranja Mecânica)-1971-dirigido por Stanley Kubrick.

Um comentário:

Renata Koury Ferreira Coelho disse...

Assisti esse filme e fiquei muito impressionada. Acredito que as vontades que temos, sejam elas realizadas ou não, são a expressão máxima de nossa personalidade. E retirar, de quem quer que seja essas vontades, apenas nos aprisiona às vontades de outro; que pode ser muito pior do que nós.