quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

edgar allan poe

>Tudo o que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho.
>Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite.
>A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de sê-lo muito em breve.
O corvo
Em certo dia, à hora, à horaDa meia-noite que apavora,Eu caindo de sono e exausto de fadiga,Ao pé de muita lauda antiga,De uma velha doutrina, agora morta,Ia pensando, quando ouvi à portaDo meu quarto um soar devagarinhoE disse estas palavras tais:"É alguém que me bate à porta de mansinho;Há de ser isso e nada mais."
Ah! bem me lembro! bem me lembro!Era no glacial dezembro;Cada brasa do lar sobre o chão refletiaA sua última agonia.Eu, ansioso pelo sol, buscavaSacar daqueles livros que estudavaRepouso (em vão!) à dor esmagadoraDestas saudades imortaisPela que ora nos céus anjos chamam Lenora,E que ninguém chamará jamais.
E o rumor triste, vago, brando,Das cortinas ia acordandoDentro em meu coração um rumor não sabidoNunca por ele padecido.Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,Levantei-me de pronto e: "Com efeito(Disse) é visita amiga e retardadaQue bate a estas horas tais.É visita que pede à minha porta entrada:Há de ser isso e nada mais."
Minha alma então sentiu-se forte;Não mais vacilo e desta sorteFalo: "Imploro de vós - ou senhor ou senhora -Me desculpeis tanta demora.Mas como eu, precisando de descanso,Já cochilava, e tão de manso e mansoBatestes, não fui logo prestemente,Certificar-me que aí estais."Disse: a porta escancaro, acho a noite somente,Somente a noite, e nada mais.
*Trecho desse poema foi usado no roteiro do filme O corvo.
O roteirista disse que o poema o inspirou a escrever sobre a solidão e loucura humana no filme.

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